sexta-feira, 28 de maio de 2010

ALTERAÇÃO DA MICROBIOTA INTESTINAL DE OBESOS

A obesidade é um distúrbio nutricional que pode ser definida como um acúmulo excessivo de gordura corporal em decorrência de um desequilíbrio entre a quantidade de energia ingerida e a energia gasta por um indivíduo. Ela pode ser relacionada a vários fatores, entre eles, o estilo de vida e os hábitos alimentares do indivíduo, fatores genéticos, ambientais, sócio-culturais e econômicos, que vão influenciar a conduta alimentar, o apetite e a saciedade. O intestino humano é colonizado por milhões de microrganismos, que constituem a microbiota intestinal e são extremamente benéficos quando estão em equilíbrio. Eles têm a capacidade de estimular o sistema imunológico, proteger a mucosa intestinal, auxiliar na degradação dos alimentos dentre outras funções. Recentemente, ficou demonstrado que alguns microrganismos presentes no trato intestinal do obeso acabam metabolizando componentes indigeríveis da dieta o que pode afetar na quantidade de energia extraída dos alimentos influenciando na absorção e no armazenamento de gordura, podendo participar diretamente da fisiopatologia obesidade. Os filos de bactérias mais encontradas na microbiota humana são as Firmicutes e Bacteroidetes. Estas diferem entre individuos obesos e magros, com a sugestão de que a microbiota encontrada em obesos é mais eficiente do que em individuas magros, na recuperação de energia dos componentes da dieta. Não é claro se pequenas alterações na extração calórica podem realmente levar a diferenças significativas nos peso corporal. Além disso, é essencial comprovar se as diferenças observadas na microbiota intestinal de pessoas obesas são a causa ou conseqüência da obesidade. Bactérias comensais estão presentes normalmente no trato gastrointestinal (Bacteróides, Eubacterium, Bifidobacterium, Fusobacterium, Peptostreptococcus, Lactobacillus entre outros), algumas delas são benéficas e outras não, porém juntas e em quantidades adequadas não fazem mal algum ao organismo. Elas funcionam como um órgão metabolizador, sendo capazes de contribuir para uma boa saúde e bem estar do corpo humano, pois, estimulam a imunidade intestinal e previnem distúrbios gástricos, diarréias, dentre outros problemas. Em indivíduos obesos, essa microbiota se modifica e o número de bactérias benéficas como a Eubacterium retal, Clostridium Coccoides e Bacteróides é reduzido. Estudos mostram que a redução dessas bactérias é responsável pelo fácil acúmulo de massa gorda, de triglicerídeos no fígado, resistência a insulina e diabetes. As bactérias, começam a extrair maior energia dos alimentos que são em sua maior parte indigeríveis, dificultando assim a perda de peso de indivíduos obesos. Contudo é necessário investigar o problema de obesidade a partir do ponto de vista da associação entre fatores sócio-ambientais e os processos biológicos relacionados ao metabolismo energético de cada indivíduo. Assim, um dos focos no tratamento da obesidade é garantir uma microbiota saudável com um funcionamento intestinal adequado, livre de sintomas indicativos de mau funcionamento, como: flatulência, constipação intestinal, dor abdominal, distensão abdominal.

Alimentos Proibidos e Permitidos para Obesos com a Microbiota Alterada

Alguns alimentos podem ser incluídos na dieta para a obtenção de uma microbiota saudável. São eles: Frutas, verduras e legumes, pois são ricos em fibras; o azeite de oliva extra virgem; alimentos probióticos e prebióticos, pois contribuem para o estímulo dos microorganismos benéficos do intestino e os mantêm vivos; e a ingestão de água pois, além de contribuir para o bom funcionamento de todo o organismo, contribui também para a sobrevivência dos microorganismos intestinais.
O consumo de probióticos (alimentos que têm microorganismos vivos) poderia mudar a proporção entre os microorganismos habitantes do intestino se ingeridos regularmente e em quantidades adequadas, assim como o consumo de prebióticos que são carboidratos não-digeríveis (fibras), que estimulam a proliferação e/ou atividade de populações de microorganismos desejáveis no cólon.
Os alimentos que contenham excesso de gorduras e açúcares devem ser evitados, pois estes estimulam o desenvolvimento de microorganismos patogênicos.

Fontes:
ALMEIDA, L. B.; MARINHO, C. B.; SOUZA, C. S.; CHEIB, V. B. P. Disbiose intestinal. Rev Bras Nutr Clin. 2009; 24 (1): 58-65.

OLIVEIRA, L.C.; MELLO, M.T; CINTRA, I.P. & FISBERG, M.; Obesidade e síndrome metabólica na infância e adolescência. Rev. Nutr. vol.17, no.2 Campinas, Abr./Jun. 2004.
TRABULSI, L. R. & ALTERTHUM, F. Microbiologia. 5ª edição. Pág. 103 a 110
TSUKUMO, D. M.; CARVALHO, B. M.; FILHO, M. A. C. & SAAD, M.J.A. Translational research into gut microbiota: new horizons in obesity treatment. Arq Bras Endocrinol Metab. vol. 53, no.2 São Paulo, Mar. 2009.

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